Top 10 de 2012 por João Miguel Fernandes

Top 10 de 2012 por João Miguel Fernandes

2012 foi um ano manhoso. Para o cinema foi uma desgraça onde nem pérolas como Cosmopolis ou Shame safaram grande coisa. Para a música a conversa foi diferente. Custou-me deixar de fora deste top os enormes concertos que vi de Mastodon, Anathema e Dead Combo, mas a restrição a apenas dez lugares no top assim o exige. Sei que falhei alguns momentos do ano, como Bon Iver, M83 ou Refused, mas sei que também tive muita sorte em apanhar outros. Fora do top ficam dois momentos que me marcaram bastante este ano. O primeiro foi sem dúvida as festas do Arte-Factos, que vão continuar por 2013. O segundo está relacionado com um projecto que iniciei em Julho que se chama Fábrica de Artistas de Setúbal, e que conseguiu unir em torno da cultura uma cidade que parecia abandonada. Um bom ano 2013 para todos, já a espreitar um grande concerto de Sigur Rós para Fevereiro!

Coronado

#10 Coronado
É realmente complicado juntar tantos amigos e criar alguma coisa que seja. Há sempre uns que querem ir para um lado, outros para outro. A verdade é que a Coronado foi um exemplo de união durante este ano de 2012. De forma despretensiosa e simples conseguiram organizar-se e criar um grupo de amigos cujos interesses se cruzam, e divulgar a música de cada um deles, sem qualquer objectivo capitalista, apenas porque curtem fazer rock. A juntar a toda esta brincadeira ainda foram capazes de lançar uma mixtape onde cada projecto da Coronado faz uma cover de outro projecto da Coronado. Simplesmente genial! Vão ouvir as bandas deste colectivo, aposto tudo em como vão explodir em 2013!

Tio Rex

#9 Tio Rex
Fazer música todos fazem, mas fazer música com esta simplicidade e qualidade é que já é difícil. O projecto Tio Rex ganha por ser simples e por saber o que está a fazer, sem pretender ser mais do que consegue. Este é um enorme trunfo, que poucos artistas são capazes de compreender. A par disto temos músicas belíssimas, sem grande pretensão, mas que acabam por ficar nos nossos ouvidos durante semanas. É boa música, honesta e de qualidade, tudo de forma simples.

Balão Dirigível

#8 Balão Dirigível/ Lydia’s Sleep
Este ano fiquei bastante impressionado com duas bandas, a segunda está mais abaixo. Os Balão Dirigivel são capazes de produzir aquele rock duro e pesado à antiga, mas fortemente bem executado. Ao vivo são mestres, despejando uma imensidão de porrada para cima de nós. E devagarinho entramos no seu mundo, onde conseguimos flutuar e sentir cada nota. Difícil é sair.
Estou a fugir à regra, mas enfiei com os Lydia’s Sleep aqui porque são todos amigos dos Balão e porque lançaram no inicio deste ano um dos melhores EP’s que ouvi a nível nacional, forte, intenso, carregado de emoções.

Limp Bizkit

Foto por Hugo Rodrigues

#7 Limp Bizkit – Rock In Rio
Antes do concerto de Limp Bizkit começar pensei “eh, estão mortos, vai ser giro, mas nada de mais”. Poucos minutos depois de terem começado o concerto tive que me agarrar à cara. Entraram confiantes, com a energia de putos de 15 anos e pegaram no público pelos tomates. O que os Limp Bizkit fizeram neste Rock In Rio foi o que poucas bandas do género já morto (Nu- Metal) sabem fazer, lançar cá para fora os êxitos, esgalhar com força e mostrar que a cena ainda não morreu. Saí de lá a acreditar que o Nu-Metal ainda não morreu e que sou orgulhosamente dessa geração. Obrigado, precisava de ter 12 anos outra vez.

Savanna - Aurora

#6 Savanna – Aurora
Tinha ouvido Savanna em casa e pensei “epa, gosto disto, belo prog à antiga”. Depois vi em Alcochete, no Festival Live.Love e fiquei louco. Ao vivo os Savanna são uma banda de topo. Com um som característico dos inicio dos anos 70, bem a cheirar a King Crimson/Genesis, os Savanna dão-lhe forte em tudo quanto é elemento do prog, desde teclados à guitarra. EP brutal!

Breaking Bad

#5 A 5ª Temporada de Breaking Bad (Primeira Parte)
Não sou de séries. Dificilmente consigo acompanhar algo até ao fim. Algures no meio perco sempre a pica e lá se foi. Aliás, desde o Macgyver que a única série completa que vi foi o Lost. Breaking Bad é diferente de tudo o que foi feito, mas melhor, muito melhor. Personagens perfeitamente bem construidos, um enredo de génio e uma realização notável. Vai ficar certamente no top de melhores séries de sempre.

Shame

#4 Shame, de Steve Mcqueen
Havia duas coisas a afastar-me de Shame. A primeira era ter visto o filme anterior de Steve Mcqueen, Hunger, e ter detestado. A segunda era ser um filme sobre sexo. Normalmente o sexo é usado no cinema de forma a atrair espectadores e a gerar burburinho. Raramente é bem utilizado, mas em Shame é usado na perfeição. Este filme é dos melhores retratos cosmopolitas e viciosos que se podia arranjar no cinema contemporâneo. O personagem de Michael Fassbender (o actor do momento) é intenso, perturbador e extremamente bem construido. Um filme que vale a pena ver e rever e que tem momentos de realização de génio, além da história imensamente tocante.

Between The Buried And Me - The Parallax II Future Sequence

#3 Between The Buried And Me – The Parallax II: Future Sequence
Há quem diga por aí que é o melhor álbum de sempre. Disso duvido, mas é sem dúvida dos melhores álbuns de sempre. Os BTBAM alcançaram o estatudo de Deuses com esta viagem intemporal pelo metal progressivo, criando um som completamente fresco e sem os vios de outrora. Génios a tocar e a compor, os BTBAM criaram também um novo universo, com um ambiente incrível e músicas que ficarão para a história.

Sigur Rós - Valtari

#2 Sigur Rós – Valtari
Para mim desde 1999 que não há uma banda melhor que os Sigur Rós. Com Valtari, os islandeses conseguiram redefinir o seu estilo. O ambient post-rock intimista continua presente, mas há aqui qualquer coisa diferente. Aliás, se há algo que podemos apontar aos Sigur Rós é a sua capacidade de dentro do mesmo género serem capazes de criar coisas novas. Valtari é uma viagem cósmica por algo que não existe na nossa realidade. Há músicas que são autênticas travessias de uma só vida. Há quem faça música e há quem faça música para a alma, esses são os Sigur Rós.

Bruce Springsteen

#1 Bruce Springsteen – Rock In Rio
O Bruce Springsteen é possivelmente o melhor artista vivo. Em mais de 2h30, o americano de gema conseguiu dar-nos um concerto cheio de energia, amor e intensidade, esgotando todos os seus inúmeros êxitos. A seu lado tem uma das melhores bandas para se actuar ao vivo, os E Street Band, que juntamente com a voz e energia de Bruce formam uma das maiores forças vivas do universo. Que poder, que canções, que energia! Só Bruce Springsteen, a dar um concerto de uma vida!

Arte-Factos

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