Top 10 de 2012 por Maria Palma Teixeira

Top 10 de 2012 por Maria Palma Teixeira

Deve ser complicado ler um artigo pessoal de alguém cujo nome pouco te diz, mas se a curiosidade te trouxe até aqui, convido-te a leres até ao fim. Pode ser que depois nos encontremos numa festa do Arte-Factos no Bacalhoeiro ou em qualquer outro lugar, bebamos um copo e discutamos isto. Ou então que bebamos apenas um copo.

2012 foi jeitoso e passou a correr. Parece que à medida que avançamos no tempo, este avança mais depressa, mas sem dúvida que foi um ano culturalmente muito preenchido. Foi o ano em que só me apercebi realmente de que os Limp Bizkit vinham cá quando dei de caras com eles na Sic Radical, foi ano em que perdi Radiohead e Bruce Springsteen, o ano em que cheguei meia hora atrasada a Correr o Fado, do Quorum Ballet, o ano em que um temporal me impediu de ver De Flamencas, de Marco Flores. Foi o ano em que não viajei até ao Porto para ouvir Dead Can Dance ou ao Santiago Alquimista para piscar o olho a Matt Corby e o ano em que ainda não vi Anna Karenina. Se sei aquilo que perdi, imagino aquilo que, para além de ter perdido, não imagino que perdi, porque (ainda) não conheço. Mas porque isto é o top 10 do que vi e gostei e não do que perdi e teria gostado, aqui vai:

Exposição

#10 EXPOSIÇÃO Fernando Pessoa, Plural como o Universo, F. C. Gulbenkian
Uma exposição visualmente surpreendente, mas que em termos de conteúdos ficou aquém das expectativas. Com a curadoria de Carlos Felipe Moisés e daquele que é o Prémio Pessoa 2012, Richard Zenith, a Fundação Calouste Gulbenkian deu lugar a um espaço muito interessante e interactivo, tendo exposto alguns manuscritos e outros testemunhos de Pessoa, uma cronologia de importantes episódios da vida do poeta/escritor, mas queria ter visto mais… Fica a sede de uma exposição que ouse dar a conhecer um pouco para além dos seus “principais” heterónimos. Porque Pessoa se desdobra em muitas mais pessoas e igualmente (ou até mais) intrigantes. (Mais aqui.)

Octopus

Foto por Xavier Lambours

#9 DANÇA Octopus, de Philippe Decouflé, CCB
Um espectáculo muito sensorial, daqueles em que, quando termina e sais da sala, respiras fundo e ficas incapacitado(a) de pronunciar um som sequer. Só te arrependes de o não teres partilhado com mais amigos. Estamos a falar de Philippe Decouflé… (Mais aqui.)

Foto por Anne Van Aarschot

#8 DANÇA En Atendant, de Anne Teresa de Keersmaeker, Culturgest
Um espectáculo que nada tinha de espectacular (no verdadeiro sentido da palavra), porque Anne Teresa, ao contrário de, por exemplo, Philipe Decouflé, não é uma coreógrafa de espectáculos, mas de dança no seu estado mais bruto, criadora de um movimento cru, duro, despido, vulnerável, orgânico, hermético. Para En Atendant, duas ou três palavras: minimalista, frágil, subtilmente cru, genial. Afinal foram cinco. (Mais aqui.)

Lana Del Rey

#7 CONCERTO Lana Del Rey, SBSR
Foi preciso chegar à casa dos 20 para compreender as taras de colegas minhas da primária com cantores(as)  (na altura eram os Backstreet Boys, ou os Milénio, ou as Spice Girls,…- esta é, provavelmente a primeira e última vez que lerás estes nomes no Arte-Factos). Lana Del Rey tem a voz melancólica (e as unhas) que nos fazem viajar pelos anos 60, um misto de referências musicais entre os 40’s e os 90’s, e as operações plásticas dos anos 2000. Que mais podemos querer?

O concerto no SBSR superou as expectativas, depois de todas as críticas de que têm sido alvo as suas actuações ao vivo . Esperemos que 2013 seja generoso e me ofereça um bilhetinho para o concerto de Maio, em Madrid.

Murmures des Murs

#6 TEATRO/NOVO CIRCO Murmures des Murs, de Victoria Thierrée-Chaplin, Culturgest
Um espectáculo completamente e genialmente onírico, como não poderia deixar de ser, vindo da filha de Charlie Chaplin, Victoria Thierrée-Chaplin e sendo interpretado pela neta, Aurélia Thierrée. Uma experiência entre o suspense e a comédia, uma viagem pela ilusão e pelo impossível, muito elogiada pela crítica internacional.

Escort

#5 CONCERTO Escort, Vodafone Mexefest
Na verdade, pouco sei dizer acerca desta orquestra de disco que fez parte do Mexefest e tocou no Ritz Club, mas fizeram daquela noite uma festa. Desde a sonoridade soul e visual funky da vocalista, ao look de geek-da-Microsoft do teclista (que por acaso fazia anos neste dia), à boa disposição das meninas do coro e não esquecendo o toque de jazz dos suited-up de trombone, saxofone e trompete na mão – foi uma boogie dance night!

Ornatos Violeta

Foto por Gustavo Machado

#4 CONCERTO Ornatos Violeta, Coliseu dos Recreios
Para mim, Manuel Cruz, mais do que cantor, é poeta. Não direi que aquilo que aconteceu no Coliseu, mais do que um concerto foi um recital de poesia, mas o que gosto mesmo nos Ornatos são as letras (cada um com a sua). Um concerto há meses aguardado e que valeu cada cêntimo.

A Cidade

#3 DANÇA A Cidade, de Olga Roriz
Pelo tema, pela reflexão, pela representação da e a crítica à vida na cidade. Pela interpretação dos bailarinos, pelo solo de Maria Cerveira. (E mais eu digo aqui.)

Moonrise Kingdom

#2 CINEMA Moonrise Kingdom / Wes Anderson
Porque sabe bem afastarmo-nos dos stressantes filmes hollywoodescos. Porque sabe bem ver uma história simples, sem lirismos, inocente. Porque tem momentos em que é impossível não rir. Porque tem pormenores que não lembra a ninguém. Porque é retro. Porque é belo. Mais não digo, porque Mike Scott, crítico do The Times- Picayune, diz melhor que eu, aqui.

Alt-J

Foto por Alexandre Abreu

#1 CONCERTO Alt-J(∆), Vodafone Mexefest
Depois de James Blake, no ano passado, que absorveu em mim tudo o que podia absorver, os Alt-J(∆) no Mexefest entraram directamente para o meu top de concertos. Porque esperei por eles ansiosamente e porque o Teatro Tivoli  tornou o concerto muito intimista. Certamente que não será a mesma experiência em 2013, precisamente pela carência desse último parâmetro e porque nem me parece o tipo de banda para festival ao ar livre, em que o som se dispersa, (com excepção aberta para Fitzpleasure, que saberia com certeza muito bem ouvir com um cigarro na mão esquerda e uma cerveja na mão direita, fosse eu fumadora ou gostasse cerveja) mas estarei, sem dúvida, na primeira fila,  no Alive’13.

Arte-Factos

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