
Satyricon no Paradise Garage (19/11/2013)
Texto por Edgar Leito / Fotos por Andreia Vieira da Silva
Num dia frio de Novembro, o duo norueguês Satyricon regressou ao nosso país para nos mostrar como com 23 anos de carreira, se conseguem reinventar a cada álbum e ainda assim conjugar bastante bem o passado e o presente.
Na primeira parte, actuaram os Chthonic, banda de black metal Made in Taiwan, da carismática (e bela!) baixista Doris Yeh, e do vocalista Freddy Lim. Durante cerca de meia hora fustigaram o Paradise Garage com o seu black metal melódico, com destaque para o seu mais recente trabalho Bú-Tik e espalharam simpatia após o concerto, num convívio ameno com alguns curiosos.
Perto de uma hora depois, os noruegueses Satyricon sobem ao palco. A expectativa e antecipação sentem-se no ar e explodem numa grande ovação, quando no palco ainda sem luzes, Satyr se junta aos companheiros de banda e cumprimenta o público presente.
Ouvem-se os acordes de “Voice of Shadows”, tema de introdução do álbum homónimo e mais recente da banda. O curto instrumental conta com a participação do público, incentivado por Satyr. O concerto prossegue com “Hvite Krists Dod”, primeiro tema do segundo disco da banda, The Shadowthrone. Oito minutos de “Trve Norwegian Black Metal” que parecem satisfazer o público, nesta altura ainda meio tímido.
Seguem-se os hits “Now, diabolical” e “Black Crow on a Tombstone”, e a banda parece cada vez mais confortável em palco. O concerto entra numa fase mais experimental com uma incursão pelo novo álbum, cortada pela violenta “Repined Bastard Nation”, do álbum Volcano, e a excelente “Nekrohaven”.
Mais uma visita à fase Black Metal com “Forhekset”, do aclamado álbum Nemesis Divina, e a assistência do Paradise Garage continua com uma reacção morna ao que se vai passando em palco. No entanto a banda vai dando tudo, com uma eficácia tremenda: Frost é um monstro na bateria, com os seus blast beats furiosos, pedal duplo em modo metralhadora e quilos de groove. Satyr é um frontman imponente e comunicativo, e os restantes membros executam na perfeição as excelentes músicas dos discos.
O final do concerto aproxima-se com mais dois hits do excelente Now, diabolical. A negra e fria “To the mountains” quase nos faz sentir o vento e granizo na cara, a combinar com a gelada noite de Outono. “The Pentagram Burns” fecha o concerto de forma brilhante.
O público parece satisfeito, e vai entoando timidamente o nome da banda, que volta ao palco para um primeiro encore, com “Mother North”. Um tema de culto, a envolver a noite lisboeta, com participação activa dos presentes, mais uma vez contagiados pelo frontman. Segue-se “Fuel for Hatred”: Puro Black ‘n Roll, rápido e sujo, que tem o mérito de criar um pequeno mosh pit. O concerto termina definitivamente com a excelente “K.I.N.G.”, outro dos singles mais importantes da banda.
Depois de cerca de uma hora e meia de concerto, os Satyricon despedem-se do publico português, após um concerto memorável, que merecia uma sala mais composta.