
Top 10 de 2014 por Hugo Rodrigues
É verdade, mais um ano que passou demasiado depressa e que agora está prestes a chegar ao fim. Como habitual, a altura é de retrospectiva, de fazer um exame de memória e de recordar o que de melhor passámos nestes últimos onze meses e alguns dias. Como experiência pessoal que é, estas contas são sempre subjectivas, há muito que aqui é condicionado pela vivência, por emoções, por algo intrínseco a cada um de nós que pode tornar um momento “assim assim” para uns num momento fantástico para outros, e por isso, vale o que vale. De qualquer forma, este é um exercício que por muito difícil que às vezes se torne, confesso que me agrada fazê-lo, por isso, sem mais demoras, é isto.
#10 Aniversário Arte-Factos
Com as devidas excepções (que acho que não foram muitas, e nem podiam ser), tenho guardado este lugar nos meus tops de final de ano para assinalar alguns momentos deste projecto, e este ano volto a repeti-lo, numa viagem egocêntrica até Abril passado, quando celebramos o nosso quarto aniversário. Em 2013 organizamos uma série de concertos mensais, e ainda que em 2014 tivéssemos deixado um pouco isso de lado, não deixamos de celebrar o nosso aniversário, num evento especial, por várias razões. Porque se tratou de uma casa cheia, porque pudemos contar com os la flag (a apresentar o seu disco de estreia) e com os Pista (ainda em formato duo) e porque felizmente e infelizmente pudemos participar na despedida do Bacalhoeiro, casa que nos acolheu nestas aventuras. Quem sabe 2015 não traz algumas novidades em relação a mais eventos.. até porque no próximo ano vou voltar a precisar de ocupar o lugar #10 com alguma coisa.
#9 Sons Of Anarchy
O desfecho final desta série aconteceu este ano, com a sua sétima temporada. Como seria de esperar, tendo em conta o seu histórico, há mais drama, mais humor negro e mais violência, bastante, como não podia deixar de ser. A história deste clube de motociclistas nunca foi nada mais que turbulenta e cada vez mais o círculo começou a fechar-se, com tudo o que isso possa significar, porque não quero spoilar nada. Recomendo, no entanto, para quem é fã, o episódio do Conan em que todo o elenco é convidado.
#8 Circa Survive – Descensus
Não seria um bom fanboy se não desse um lugar nesta lista aos Circa Survive, que já me acompanham há muitos e bons anos. Longe de ser o melhor disco da banda, e o mais “fácil” de ouvir, não é por isso que deixa de ser um dos álbuns que mais gosto deste ano. Ainda para mais quando se percebe metade da história que está por trás deste lançamento e nas dificuldades pelas quais as bandas passam ao longo da sua carreira, aos interessados, ver aqui.
#7 Unknown Mortal Orchestra no Optimus/NOS Alive’14
Da edição deste ano do NOS Alive (naquela estranha transição de nome que já se esperava mas talvez não ainda em 2014) saíram dois dos meus concertos preferidos do ano. Um deles pertenceu aos Unknown Mortal Orchestra, que confesso achar chatinhos em disco, mas que ao vivo me surpreenderam bastante. Foi aliás uma sequência bastante interessante, e mais à frente vão perceber porquê.
#6 True Detective
Esta série foi um daqueles casos de “chegou, viu e venceu”, admitindo que podemos aplicar a expressão a tudo o que quisermos. Digamos que sim, para minha conveniência. A história dos dois detectives que andam em perseguição de um assassino em série é interessante e misteriosa/estranha o suficiente para nos prender desde logo, e é apoiada pelas duas excelentes prestações do Woody Harrelson e do Matthew McConaughey. Se tiverem tempo, aconselho.
#5 Caspian no RCA Club
Foi um dia com altos e baixos este, à semelhança do pós-rock. Junho, Mundial de futebol a decorrer, dia de jogo de Portugal (a levarmos quatro da Alemanha) e uma noite para nos recompormos com concerto dos Caspian. E foi isso mesmo que aconteceu, um dos melhores concertos que vi este ano aconteceu ali mesmo, no RCA Club, às mãos da banda norte-americana. Há falta de melhor expressão para o descrever, vou dizer que foi catártico, porque sempre quis usar essa palavra para descrever algo e esta parece-me uma excelente oportunidade.
#4 How I Met Your Mother
Outra série que chegou ao fim em 2014, depois de anos a fio a fazer-nos companhia. E não foi fácil, não foi mesmo nada fácil, porque o final dividiu bastante os fãs e porque foi como nos despedirmos de alguém com quem privamos durante imenso tempo. Vou só dizer isto, #teamrobin, lamento. Apesar de tudo, foi uma viagem legen… wait for it… dary!
#3 The War On Drugs no Optimus/NOS Alive’14
Altura de explicar a tal sequência bastante interessante que falei ali para trás. O outro concerto do NOS Alive a que me referia era ao de The War On Drugs, que foi precisamente no mesmo palco e antes dos Unknown Mortal Orchestra actuarem. O que faz com que Adam Granduciel e companhia não só nos tenham dado um dos bons discos de 2014, como nos tenham dado um dos grandes concertos do ano. Acho que os presentes na tenda do festival concordam comigo.
#2 Discos de 2014
É engraçado, 2013 foi um ano musicalmente penoso para mim, com vários álbuns de que gostei, mas sem que nenhum tivesse passado o limite do “é giro”. 2014 foi exactamente o oposto disso com vários bons lançamentos, uns de bandas que já conhecia, outros de boas surpresas que me surgiram. Vai ser complicado mencioná-los aqui a todos, e se calhar nem faria sentido, mas vou tentar. Já aqui falei nesta lista dos Circa Survive, mas também os La Dispute (“Rooms of the House”), os Cloud Nothings (“Here And Nowhere Else”) e os The Gaslight Anthem (“Get Hurt”) editaram excelentes álbuns este ano. No campo das surpresas e descobertas tenho que referir os The Hotelier (“Home, Like Noplace Is There”), os Prawn (“Kingfisher”), os Cymbals Eat Guitars (“LOSE”), os Violent Soho (“Hungry Ghost”) e os Young Statues (“The Flatlands Are Your Friend”) – tão emo que fiquei este ano, e isso é tão 2004. Passando à frente, e no que há música nacional diz respeito, também há muitos e bons lançamentos por onde escolher, e aqui os que mais me acabaram por acompanhar foram os Um Corpo Estranho (“De Não Ter Tempo”) e Azevedo Silva (“V”).
#1 Pianos Become The Teeth – Keep You
O primeiro lugar deste top vai para o meu disco preferido de 2014, numa excelente surpresa proporcionada por uma banda que nunca me disse muito. Para trás ficaram os berros de Kyle Durfey, vocalista da banda, e a abordagem mais barulhenta dos norte-americanos. As influências mais melódicas/instrumentais que a banda sempre teve ganharam outra dimensão aqui, e levam os Pianos Become The Teeth num trajecto não completamente oposto ao que já vinham fazendo, mas pelo menos por um caminho bastante alternativo ao inicialmente trilhado. E isso, pelo menos para mim, foi bastante bem-vindo.
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