
Top 10 de 2014 por Cláudia Filipe
2014 foi um ano montanha russa: aconteceram coisas muito boas e outras muito más. Foi um ano de mudança, de adaptação, mas de onde retiro dez momentos particularmente felizes:
#10 Gojira em Vagos
Sair de Lisboa com a minha irmã do coração, 300km de estrada e ver ao lado dela uma banda que nos diz muito. Foi só mais um dia incrível na melhor companhia.
#9 Mulheres cantadoras de histórias
Um ano de extrema importância para a música escrita no feminino, de onde destaco a Sharon Van Etten, a Angel Olsen, a Lykke Li e a Grouper (e, vá, apesar de me ter cansado do July, a Marissa Nadler também merece entrar nesta equação). A dor, a mágoa e as histórias de vida mais tristes tornam-se nas canções mais bonitas.
#8 The Grand Budapest Hotel
Infelizmente não consegui acompanhar tudo o que de bom se fez no cinema em 2014, mas o The Grand Budapest Hotel cativou-me. O Wes Anderson não é uma personagem que reúna consenso, mas o seu mundo de fantasia e os cenários fantásticos deixam-me sempre com um sorriso.
#7 Mundial de Futebol
Os anos pares têm mais alegria quando o desporto rei invade as nossas casas durante um mês em que se respira futebol. Selecções, prognósticos, fé, esperança, cromos da Panini, esplanadas por aí fora. E este foi um ano de Mundial: do mundial do rolo compressor alemão, do mundial em que vi uma sala de concertos transformar-se no espaço onde assistimos Portugal a escorregar de vez, do mundial onde o futebol da Colômbia e a audácia do James nos fizeram colar ao ecrã. Em 2016 há Europeu que, não sendo a mesma coisa, sempre dá para matar a saudade.
#6 Fazer as pazes com Godspeed You! Black Emperor
Tinha saído do Amplifest 2012 desiludida com o concerto dos Godspeed You! Black Emperor, que ficou áquem das expectativas. Por outro lado, o regresso ao Porto este ano foi tudo aquilo que esperava: a viagem aos recantos mais sombrios da minha mente, numa hora de reflexão e devoção.
#5 NOS Primavera Sound
Definitivamente, o festival feito à minha medida. Entre canções ao fundo em loop, a magia de Slowdive ou dar por mim a berrar uma In The Airplane Over the Sea como se a minha vida dependesse disso, foram três dias bem passados, como são sempre. Tanto que, mal os bilhetes para 2015 foram postos à venda, a prioridade foi conseguir um.
#4 Paredes de Coura, o loureiro, o Conor Oberst e o James Blake
Parece incrível, mas nunca tinha ido a Paredes de Coura. Desde boleias perdidas a férias canceladas, tudo já me tinha acontecido. Desta vez faria o que fosse preciso: afinal, era o Conor Oberst e o James Blake que estavam em jogo. E acabou por ser muito mais do que isso: uma semana em que de tudo aconteceu, mas de onde guardo as saudades dos dias passados no loureiro e junto ao rio, da magia que foi poder assistir a um concerto de Conor Oberst (ainda que tenha faltado a Lua) e ao estado de catarse em que o James Blake me põe. E da enorme surpresa que foi o concerto dos Goat, numa tenda cheia de gente. Aguardo para ver o que a edição de 2015 tem reservada.
#3 Arcade Fire no Rock in Rio
No meu top do ano passado fiz uma nota especial para a Afterlife, tema fora de série num álbum que, infelizmente, roçou o mediano, algo quase imperdoável para uma banda que mudou a história da música dita alternativa quando decidiram pôr o Funeral no mundo. Mas os Arcade Fire continuaram a ser uma das minhas bandas de eleição e estava muito entusiasmada por os poder rever, pois recordo com saudade aquela noite no Super Bock Super Rock 2011. E, como seria de esperar, foi incrível e tudo aquilo que esperava. Saltei até deixar de sentir as pernas, cantei, dancei, emocionei-me na Wake Up, como sempre. Foi um espectáculo cheio de cor dado por uma das maiores bandas da nossa geração. E é um prazer poder assistir a momentos como este.
#2 Jon Hopkins no Musicbox
Quem me conhece sabe que torço o nariz a concertos que começam muito tarde porque me começa a dar o sono e acabo por não desfrutar como queria. E esta era uma noite que tinha tudo para correr mal: dia de Inglaterra – Itália no Mundial, que opto por perder para me ir instalando no Musicbox. Afinal, o concerto estava esgotado e não queria ficar cá atrás. Pouco depois, faltou a luz pelo Cais do Sodré, problema que persistiu nas horas seguintes e que nos fez temer o pior: nem futebol, nem concerto. Felizmente acabou tudo bem (só foi pena a Inglaterra ter perdido), a luz voltou e, apesar do enorme atraso, o concerto de Jon Hopkins foi uma experiência invulgar. Ainda hoje tenho dificuldades em pôr por palavras o que senti naquela hora em que o Immunity foi explorado ao vivo, num mar de sintetizadores e de projecções maravilhosas. O cansaço foi embora e foi com a mente aberta que redesenhei um álbum inteiro na minha cabeça e lhe dei outro significado. Este foi um disco ao qual, injustamente, não lhe dei o devido valor em 2013, mas aqui fica o meu pedaço de redenção.
#1 The War on Drugs
Genérico. Porque lançaram um álbum extraordinário a mostrar que ainda se faz rock de jeito (e tão bom que é recuperar aquele cheirinho a Dire Straits mesmo em 2014), porque foram autores da minha música preferida deste ano (demasiadas horas seguidas a ouvir a An Ocean In Between the Waves que é, aliás, o que estou a fazer agora enquanto vos escrevo) e o enorme concerto de apresentação do álbum no NOS Alive. O ano foi deles e o meu ano foi melhor com eles.