
Banda do Mar no CCVF (21/02/2015)
Texto por Isabel Leirós
Depois de várias datas no nosso país, chegou finalmente a minha vez de ver Mallu Magalhães em palco, com a sua Banda do Mar. Olhando para trás, torna-se quase difícil acreditar que esta Mallu é a mesma que em 2008 e aos 15 anos de idade visitou o programa de Jô Soares, exibindo os seus instrumentos e soltando tímidas gargalhadas juvenis. Recomendo uma pesquisa no Youtube.
Mas regressando a 2015, no sábado passado, o Centro Cultural Vila Flor em Guimarães, abriu as portas da sala maior, totalmente esgotada, para acolher Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e o nosso português Fred Ferreira Pinto. Foi com um “O pessoal está sentadinho, mas é rock, hein?” que Camelo abriu o concerto e arrancou com os acordes de “Cidade Nova”, do álbum homónimo da banda lançado no Verão passado. Sem pausas para respirar seguiram-se “Me Sinto Ótima” e “Hey Nana”, pela voz doce de Mallu. Apesar da curta existência, o trio encanta o público com a sua harmonia e o casal Marcelo e Mallu enchem a sala.
“Mais Ninguém” e “Pode Ser” são as perfeitas sedutoras odes ao amor entre os vocalistas, que nos transportam até à praia quente e paradisíaca que habitam. O radiante contraste entre voz cheia de Marcelo e a serenidade de Mallu, enche o auditório de vida para acolher “Mia” e “Faz Tempo”, elogios à alegria de viver e à aventura do passar dos anos.
E eis que chega um dos grandes momentos da noite: “Velha e Louca” e “Vermelho” são temas das carreiras a solo do casal, que a sala acompanha em coro. “Olha Só, Moreno” surge pela voz de Mallu, sozinha em palco e com uma dedicatória especial a uma amiga. A banda regressa acompanhada de um jovem fã do trio e que se junta a Fred na bateria para ouvirmos “Sambinha Bom”, tema que deixaria muito felizes Vinicius de Moraes e Tom Jobim, nomes essenciais da Bossa Nova. Se o concerto tivesse terminado ali, seria um bonito fim de noite.
Houve ainda tempo para ouvir “Além Do Que Se Vê”, um clássico de Los Hermanos de Camelo e Rodrigo Amarante, e “Solar e “Seja Como For” do trio num registo mais pop-rock que nos deixariam a dançar não estivéssemos sentados, antes de regressarmos aos temas de Marcelo Camelo “Doce Solidão” e “Janta”, este considerado pela Rolling Stone um dos temas do ano de 2008 e que sempre contou com a participação de Mallu na voz.
“A minha avozinha era da Póvoa do Varzim e o meu avô de Celorico de Basto. Se houver aí algum Camelo, é meu parente.” ouvimos antes de “Dia Clarear” encerrar o concerto.
Para o encore estariam reservados “Cena” de Mallu e “Morena” de Los Hermanos, entre outras canções de uma noite que parecia não querer terminar. O público levantou-se finalmente das cadeiras para dançar, num desrespeito pela norma que já é habitual quando os ritmos brasileiros visitam a sala vimaranense: jamais esquecerei que foi ali que, em 2010, o frenético Tom Zé terminou a noite apenas e só em roupa interior.