
Arch Enemy no Paradise Garage (21/05/2015)
Depois de Angela Gossow ter abandonado a banda para se manter na parte mais ligada ao management, a expectativa para encontrar uma sucessora à altura era grande. No entanto, assim que fora anunciada Alissa White-Gluz como nova voz da banda sueca e com o lançamento do vídeo de “War Eternal” como primeira amostra do novo álbum com a mesma, se pôde depreender que a antiga vocalista de The Agonist viria a fazer um bom trabalho. De facto, o álbum War Eternal não fica atrás do que fora feito anteriormente pela banda e mostra-se como um registo sólido e poderoso, exaltando toda a técnica instrumental e todo o esplendor furioso da voz de Alissa.
Quase pelas 22h30, a banda surge em palco, abrindo as hostes com “Khaos Overture”, uma faixa instrumental melódica e perfeita para nos moldar a ansiedade para o que vem a seguir. Tal como no álbum Khaos Legions, o instrumental abre alas para “Yesterday is Dead and Gone”, uma viagem rápida dando início a uma loucura generalizada. Segue-se um dos mais antigos sucessos, retirado de Wages of Sin, de 2001, “Burning Angel”. “War Eternal”, faixa que empresta o nome ao título do álbum de 2014, é um dos momentos da noite, provando que o público aprova e acompanha o trabalho recente da banda, cantando em uníssono várias partes da canção.
O trabalho antigo foi intercalado com o novo, mostrando uma simbiose perfeita. Se por um lado recordávamos com emoção faixas como “Ravenous” ou “Taking Back My Soul”, ambas do icónico Rise of the Tyrant de 2007, também vibrávamos por ouvir ao vivo as recentes “Stolen Life” ou “As The Pages Burn”. Além da voz irrepreensível, Alissa movimenta-se como uma verdadeira performer em palco. Sobe para a bateria, salta ao ritmo da música, percorre o palco de uma ponta à outra e encara os fãs nos olhos. O alinhamento principal fechou com uma das canções mais emblemáticas da banda, “We Will Rise”, sendo dedicada a todos nós pela miúda irrequieta de cabelo azulão.
Depois de uma curta pausa, era expectável que voltassem, faltando a mais conhecida, “Nemesis”, por tocar e, após hora e meia de pura entrega, o público ainda responde com sucessivos headbangs e crowdsurfing. Alissa e toda a banda continuam com a mesma energia inicial, intocáveis. O encore termina em beleza com um dos melhores temas do primeiro álbum de estúdio, Black Earth, lançado em 1996 e ainda com o vocalista masculino que integrou a banda nos seus primórdios, Johan Liiva. Trata-se de “Fields of Desolation”.
Como admiradora confessa de Angela Gossow, assumo que senti algumas reservas, mas que o poderio musical desta nova rapariga me tirou qualquer dúvida, no concerto no Paradise Garage. O alcance vocal está lá todo, não há um momento em que se sinta menos energia e o acting que um espectáculo destes requer também se mantém. Não se pode dizer que a banda tenha ficado a perder e ambas são mulheres relevantes no metal (ainda há poucas!) mas aqui ninguém pode substituir ninguém. Apenas começa uma nova era nos Arch Enemy.
O início da noite ficou a cargo dos thrashers alemães Drone e dos norte-americanos Unearth.
Alinhamento:
Khaos Overture
Yesterday Is Dead and Gone
Burning Angel
War Eternal
Ravenous
Stolen Life
My Apocalypse
You Will Know My Name
Bloodstained Cross
Taking Back My Soul
As the Pages Burn
Dead Eyes See No Future
Avalanche
No More Regrets
No Gods, No Masters
We Will Rise
Encore:
Tempore Nihil Sanat
Never Forgive, Never Forget
Snow Bound
Nemesis
Fields of Desolation