
O Sol da Caparica – 2º dia (14/08/2015)
O segundo dia do Sol da Caparica foi pautado pela qualidade musical apresentada no Palco Blitz, facto esse que eclipsou os artistas consagrados que se apresentaram no palco principal como Tim, Jorge Palma e Paulo Gonzo. Nomes gigantes da música em português, que apesar de não estarem talvez na sua melhor forma ou de poderem ser considerados datados pelas gerações mais novas, ainda são capazes suscitar uma proliferação de público afluente.
A experiente Brigada Vitor Jara iniciou as actividades com a sua incursão ao vasto reportório da música popular portuguesa, aliado ao virtuosismo musical, intercalado por pequenos discursos históricos e revolucionários essenciais à consciência e memória colectiva. O que proporcionou uma calma e agradável comunhão entre o público e um cheirinho ao Festival do Avante. Imediatamente os Orquestrada fizeram o que normalmente costumam fazer com sucesso – um espectáculo muito interactivo que valoriza a Portugalidade e, simultaneamente, a essência inerente da interculturalidade, sem qualquer tipo barreiras e preconceitos. Logo de seguida, foi a vez dos PAUS actuarem e, apesar da apresentação ser demasiado breve, deram o concerto mais intenso do dia. As baterias siamesas (a maior virtude e originalidade do projecto), suportadas por acordes de baixo tilintantes e uma base de teclados consistente, conseguem ser ao mesmo tempo poderosas e avassaladoras, num espectáculo digno de se contemplar.
Finalmente, os Linda Martini foram iguais a si mesmos, mostrando a mesma competência de sempre e a singularidade que têm como entidade colectiva, conseguindo traduzir positivamente esta característica ao público. Com um reportório cimentado nos seus diversos trabalhos editados ao longo destes anos, com uma sonoridade algures entre o emo mais meloso e um hardcore abrasivo, sem esquecer um fatalismo particular e intenso, espoletado nomeadamente pelo conjunto de cordas arrastadas, por vezes “choronas” e a imperfeita voz de André Henriques.