Escolhas de Sèrgio Neves:

Tim Maia – Brother Father Mother Sister
Aos primos barulhentos e irrequietos, às tias que puxam pela barba, às avós que nos enchem os pratos até à última migalha, às primas afastadas com os maiores decotes da vida, aos tios que se emborracham a meio da tarde; às mesas que se esticam pela casa inteira, às mil e uma doçarias, aos sorrisos e ao calor de Inverno. Um brinde ao Natal e aos regressos a casa.

Gilberto Gil – O Sonho Acabou
Quando o petiz da família subir ao colo do Pai Natal e puxar enfim a barba, para descobrir o avô ou o pai de migalhas de pão na boca e maquilhagem rosada, como quem tem planos de sexta-feira à noite, é conter o riso e sair de fininho antes da choradeira e das histórias dos clones e dos ajudantes. Quem vos avisa vosso amigo é.

Tom Zé – O Riso e a Faca
Mas não esqueçam que o mais importante nesta altura do ano é a felicidade, o riso, e obviamente, encher o bandulho dos mais variados doces e iguarias. Aconselho um jejum de uma semana antes dos dias natalícios, porque a quantidade de calorias que irão ingerir teria altas possibilidades de acabar com a fome em África, se fosse reorientada.

Caetano Veloso – Qualquer Coisa
Não se preocupem demasiado com as prendas, ninguém espera demasiado de vocês de qualquer das formas, e não se apoquentem se não receberam aquilo que queriam mesmo. Quem não quereria um par de meias quentinhas, uma camisola no tamanho acima ou um par de cuecas apertado? Qualquer coisa serve, desde que com o espírito certo.

Chico Buarque – Televisão
Claro que, se forem como eu, tudo isso é fantasia, e pouco ligam a mais que a um fim de serão empanturrado de doces caseiros, olhando a televisão até os olhos pesarem, vendo um qualquer conto de Natal moderno, dos miúdos abandonados em casa, ou dos feiticeiros salvadores do mundo. E que Feliz este Natal será.

Escolhas de Cláudia Andrade:

Flowers for Bodysnatchers – Aokigahara
Aokigahara ou Floresta dos Suicídios, é uma floresta perto do Monte Fuji no Japão que tem uma ligação histórica com demónios da mitologia japonesa. Este álbum leva-nos por entre a densa vegetação e os corpos daqueles que desistiram de viver.

Nadja – Into The Silent Waves
Aidan Baker e Leah Buckareff estiveram no Lounge a semana passada para um concerto cru. Senti saudades das projecções que acompanharam aquele mítico concerto na ZDB em 2008.

Daniel Menche & Mamiffer – Maar
Quando uma música assume um lugar triste e esperamos que ela um dia volte a ser reciclada para algo melhor.

Neurosis – Strength Of Fates
Alguém hoje disse que se existisse um fim do mundo, esta seria a sua banda sonora.

Ryuichi Sakamoto – Merry Christmas Mr. Lawrence
Como não podia deixar de ser, a música de natal que interessa e que faz parte das músicas da semana do natal todos os anos.

Escolhas de Carlos Vieira Pinto:

John Coltrane – My Favorite Things
Um clássico intemporal. O My Favorite Things é capaz de vos deixar horas a assobiar aquele gancho melódico como existem poucos, e se esse assobio for acompanhado pelo maravilhoso saxofone do Coltrane, tanto melhor. É uma música ideal para começar o dia 24 e o dia 25 de dezembro. Esqueçam, é uma música ideal para começarem todos os vossos dias.

Sufjan Stevens – Christmas Unicorn
Pensem lá um bocadinho, o natal é uma coisa um bocado freak. É nesta altura que estouramos o salário em presentes inúteis para pessoas que nem gostamos por aí além, jantamos com outras que nem conhecemos e damos abraços a algumas que não os merecem. Por isso, nada melhor que a freak folk – bem doce – do tio Sufjan, que ao declarar ser um unicórnio de natal ilustra bem a patetice do momento.

Mariah Carey – All I Want For Christmas Is You
Guilty pleasure? Provavelmente não. Talvez seja a canção de natal que mais vezes ouviram e, provavelmente, a melhor de todas. Tem o dom de se colar no nosso pensamento ad eternum apenas com uma audição e a melodia é inegavelmente boa. A prova disso mesmo é que a conseguimos imaginar a ser interpretada por qualquer grande músico, no entanto, vamos com a da Mariah Carey. E como existe sempre o reverso da moeda, tem o “dom” de vos deixar a pensar naquela pessoa que queriam embrulhadinha para vocês mas que nunca terão.

Pantha du Prince & The Bell Laboratory – Spectral Light
Não é uma canção, é um disco. A associação entre o guru do techno minimal, Pantha du Prince com o coletivo dos sininhos e campainhas, The Bell Laboratory, encaixa perfeitamente nesta quadra natalícia. Tem também a vantagem de deixar aquele tio mais porreiro intrigado com o vosso grau de digging. Sempre a marcar pontos!

William Basinski – The Disintegration Loops
Não encarem isto como batota. É verdade que se trata de mais de uma hora de música – e isto se contarmos apenas o primeiro volume – e por isso mesmo torna-se ideal para servir de banda-sonora durante o jantar com a família. É um fragmento a desfragmentar-se até à mais pequena partícula e não existem muitas coisas no mundo com a mesma beleza. Também pode ser uma dica deste que vos escreve acerca da importância e do valor que o natal tem para nós com o passar dos anos. Apanharam?

Escolhas de Hugo Rodrigues:

Thrice – Carol Of The Bells
É a música oficial de todos os meus natais. Porque sim.

From Indian Lakes – Bad Holiday
Não é do melhor que a banda já fez mas, na sua descrição, referem que é uma música para aqueles que não gostam assim tanto de épocas festivas. Consigo relacionar-me com isso.

You Can’t Win, Charlie Brown – Until December
O que seria Dezembro sem o natal e o natal sem o Charlie Brown? O horror, o desastre, o… nem sei!

Anthony Green – Young Legs
É na minha opinião uma das músicas mais bonitas escritas pelo Anthony Green e por muito que retorne sempre às audições durante o ano, é nesta altura que mais faz sentido. Apenas porque foi por volta de Novembro/Dezembro de há um par de anos atrás que o disco me chegou às mãos e rodou como se não houvesse amanhã.

Frightened Rabbit – December’s Traditions
Tradições de Dezembro: podem deixar pendurados os Pais Natal que parece que vos estão a assaltar a casa mas por favor retirem das janelas aquelas toalhas, panos, cenas, o que lhe quiserem chamar, estampadas com o menino Jesus, é demasiado creepy.

Escolhas de Isabel Leirós:

Scott Walker – The old man’s back again
Chegou aquela época maravilhosa em que um homem de vermelho e barba chega e distribui felicidade. Neste malhão intemporal Scott Walker diz que fala de Estaline, mas bem que podia estar a referir-se ao Pai Natal.

De La Soul – Millie Pulled A Pistol On Santa
Esta coisa de andar a descer chaminés tem muito que se lhe diga. O trabalho do Pai Natal não é fácil mas alguém tem de o fazer.

Os Passos Em Volta – (São) Nicolau Breyner
Os miúdos da Cafetra desabafam e recordam o trauma colectivo que afecta milhões de crianças por todo o globo: «Quando descobri que não eras de verdade, agarrei na Coca-Cola e bebi realidade (…) no ano seguinte tudo foi diferente, agradeci à minha mãe pelo presente.» 🙁

Pink Floyd – Merry Xmas Song
Corria o ano de 1975 e num estúdio da BBC o psicadelismo musical aterrou numa festa que, por si só, até o é que baste. Nick Mason, o baterista, dá a voz a pouco mais de 2 minutos de boa disposição e fofura para descobrir AQUI.

The Beatles – Words of Love
Para​ todas as ocasiões há uma canção dos Beatles, para o Natal são estas palavras de amor, o sentimento que impera em Dezembro.

Escolhas de João Neves:

Bloc Party – So here we are
Esta última semana parece que o meu subconsciente fez um especial natal com músicas calminhas mas muito boas. E sem necessariamente ter referência à época.

Radiohead – No Suprises
Aí está outro exemplo do que disse acima. Esta suou em todo o lado, colunas, dedos, guitarras. Talvez um título um bocado irónico para a época, mas nestes dias também precisamos de “No alarms and no suprises“, especificamente das más.

Grutera – Se não ficares, volta.
O Sur Lie do Grutera tem sido o disco mais rodado nas últimas semanas por aqui, na íntegra. E que belo disco é, tão bom para relaxar, aliviar e, para quem nesta altura está com pessoas com quem passa menos tempo do que gostava, deixo a sugestão para lhe fazerem o convite desta música.

Porcupine Tree – Lazarus
As últimas semanas têm mesmo sido de altos muito altos e baixos bem baixos, esta infelizmente veio num dos baixos, mas com um som destes a tristeza vai embora e é conquistada pela esperança e pelo recordar dos bons momentos.

Cave Story – Southern Hype
O concerto foi no sábado passado, mas como as músicas da semana estão de férias, então aproveita-se o especial de Natal. Mais pessoal nacional a prometer muito!