Músicas da Semana #183

Escolhas de Ricardo Almeida:

Death-Engine

Death Engine – Medusa
Nesta semana que passou fez um ano que ando por aqui a baixar os padrões de qualidade desta casa. Um sincero obrigado ao nosso Grande Líder e restantes membros dos quadros superiores; finos cibernéticos para todos os colegas, em especial aos que já tive o prazer de conhecer pessoalmente e vou sempre encontrando nos concertos.

Protomartyr – The Devil in His Youth
Este ano está a arrancar devagarinho no que toca a lançamentos que me interessam. Ainda bem, dá para ir passando 2015 a pente fino. Um dos grandes lançamentos do ano passado foi o terceiro disco dos Protomartyr, The Agent Intellect. Só há duas ou três semanas é que peguei nele como deve de ser e fiquei logo contagiado por esta música que é a primeira faixa do álbum. Protomartyr, esses, que passam pelo Primavera Sound, no Porto.

Sonic Youth – Kool Thing
Um dia o meu pai disse, “Viver um dia de cada vez é coisa de quem não tem objectivos”. Poder-lhe-ia ter perguntado porque é que temos de ter objectivos, mas entretanto percebi tudo. Agora tenho um objectivo: adquirir e escutar a discografia toda dos Sonic Youth.

Mamiffer – 13 Burning Stars
Há questões para as quais dificilmente iremos encontrar respostas. De onde viemos? Para onde vamos? Onde estão as tampas dos meus tupperwares? Porque é que o Sporting existe? Outras, felizmente, são de resposta simples. Haverá entre os fãs de Mamiffer gente má? Não, senhores.

Mamiffer – Domestication of the Ewe – part II
Ao longo das últimas semanas tenho escutado quase que exclusivamente o novo disco dos Mamiffer. Acontece-me muitas vezes com os grandes discos, não ficar convencido à primeira audição. Entretanto, a pouco e pouco a estranheza dissipa-se e o disco revela-nos a sua identidade. Não sou pessoa de ouvir música aos altos berros, mas estas camadas de distorção mais ou menos subtil, estes drones, estavam mesmo a pedi-las.

Escolhas de João Neves:

Linda Martini

Linda Martini – Unicórnio de Sta. Engrácia
Esta semana bem que posso dizer que as músicas se escolheram a elas próprias com tanta coisa nova e a prometer tanto. Não é de todo por uma questão de patriotismo que começo pelos Linda Martini, temos de nos deixar de rebaixar e assumir que em Portugal se faz música de “classe mundial”, e que melhor exemplo disso que os Linda Martini! Este é o primeiro avanço de Sirumba que sairá lá para Abril, sou da opinião que uma música apenas não representa nem um trabalho nem uma banda, mas tanto para o bem como para o mal tenho a sensação que esta ainda não é o melhor que o Sirumba nos vai trazer.

Mogwai – Ether
Cada vez mais o trabalho dos Mogwai é constante e regular, sendo por vezes difícil de acompanhar. Também aproveitaram esta semana para mostrar música nova e de muita qualidade. Continuam a provar que são mais versáteis do que a tendência normal para clichés já óbvios de post-rock. Talvez por isso ostentam já há tanto tempo o título de uma das melhores bandas do género.

The Kills – Doing It To Death
E pois que no meio de tanta agitação no forno da música apareceram também os The Kills a dizerem que vão fazer música até morrer. Acho que se a continuarem a fazer com tão bom gosto ninguém se vai importar que a façam por muitos e bons anos.

Massive Attack & Young Fathers – Voodoo In My Blood
Penso que já saiu há umas semanas o novo EP com uma data de parcerias. Já fazia muita falta, mas os Massive Attack são a prova que a maior parte das vezes mais vale esperar muito e depois ter algo realmente interessante! E mais uma vez temos excelentes exemplares.

Led Zeppelin – Heartbreaker
No meio de tanta agitação acabei por ter vontade de voltar às raízes e que melhor forma escolhi, ao som dos Led Zeppelin. Voltando aos tempos em que nem sequer era projecto de gente, viajei até 1969, ao álbum Led Zeppelin II e muito sobre o mote deste Heartbreaker. Haverá melhor máquina do tempo que a música?!

Escolhas de José Raposo:
NEW YORK - JULY 1996: (EDITORS NOTE: THIS IMAGE WAS CREATED USING CROSS-PROCESSED FILM) English rock band Lush (L - R) bassist Phil King, vocalist/guitaristMiki Berenyi, guitarist Emma Anderson and drummer Chris Acland pose for a July 1996 portrait in New York City, New York. (Photo by Bob Berg/Getty Images

Photo by Bob Berg/Getty Images

Lush – Sweetness and Light
O regresso destes grandes do shoegaze leva a uma retrospectiva da sua obra. Pedem a componente onírica emprestada ao dream pop dos Cocteau Twins e juntam-se no barulho aos Slowdive, com a voz de Miki Berenyi (talvez a melhor do género) em destaque. Guitarras com chorus e reverb do costume e a bateria do saudoso Chris Acland a fazer desta canção uma boa companhia para se isolarem dos outros nos transportes ou numa corrida – cuidado ao atravessarem e com a retaguarda. Há um EP a caminho, ao que consta.

Matt Elliott – Dust, Flesh And Bones
Matt Elliott é um músico singular: sozinho, de guitarra clássica em punho, escreve letras do melhor que há, misturando humor com tragédia, com arranjos simples e incisivos. Finalmente tive a oportunidade de o ver e cumpriu com distinção: alinhamento eficiente, execução bem conseguida (com crescendos exemplares a mostrarem todo o talento de Elliott) e um artista acessível no fim do concerto. Isto sim, são coisas importantes de um sábado à noite.

Mata-Ratos – C.C.M.
Clássico é clássico e vice-versa, já dizia o Super Mário Jardel e, em fim-de-semana do maior clássico do nosso futebol, deu-me, inexplicavelmente, para voltar a “Rock Radioactivo”, obra seminal do punk português. Em toda a sua agressividade e humor pueril, “C.C.M.” é um belo pirete à classe política e uma ode à javardice. O alienado Zulmiro Pascoal só quer saber de engates, que se dane o Orçamento do Estado.

Kneebody/Daedelus – Loops
Não se deixem enganar pela capa medonha do disco, que esta colaboração entre Daedelus e a banda de jazz/funk Kneebody é um dos melhores álbuns de 2015. Dali se extraiu esta “Loops”; repetitiva como manda o título e com um cheiro a final de anos noventa e a algum acid jazz que só lhe fica bem. Perfeito cruzamento entre as batidas de um talento semelhante ao de Flying Lotus e a componente instrumental que só lhe dá ainda mais riqueza. Assim se foge ao lugar-comum do encontro musical entre passado e presente.

Metallica – Master of Puppets
Ora, se a maioria do metal é, hoje em dia, risível e os Metallica não fogem à regra, certo é que, em tempos, foram enormes. Passam trinta anos de um disco fundamental dos anos oitenta: “Master of Puppets”. Recorda-se aqui o maior malhão do álbum, um portento de técnica e fúria que é, logo à primeira audição, inconfundivelmente Metallica da época. Quando um álbum até house francês inspirou, só pode ser excepcional. Fica a obra, que é fabulosa.

Arte-Factos

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