Baroness no Paradise Garage (06/03/2016)

Baroness no Paradise Garage (06/03/2016)

#29 Baroness

Fotos por Paulo Tavares

Chegando ao local do crime perto das 21h, hora prevista para que os Correia entrassem em palco, a fila à porta do Paradise Garage deixava pouca esperança a quem queria assistir ao concerto da banda de abertura. A grande adesão aos bilhetes digitais obrigava a uma verificação individual e a alguma morosidade na entrada – muito ordeira, no entanto -, que ainda assim nos permitiu a audição de algumas músicas do mais recente projecto dos irmãos Correia, Apolinário e Miguel, aka Poli (Sam Alone e Devil In Me) e Mike (Men Eater/ More Than A Thousand). Final em grande, com a banda a lembrar (e o público a assentir) que ainda há rock em Portugal e a fechar com um assombro de órgão e guitarras. O som não esteve perfeito, mas as músicas eram boas e o encaixe na noite que se antecipava ficou mais que provado. A banda tem actualmente dois temas disponíveis para escuta no youtube, e actua a 21 de Abril no Stairway Club, para quem quiser conhecer os restantes.

Após meia hora de espera, eis o aguardado momento em que os Baroness tomam o palco. A energia de Kerosene, música do álbum em apresentação, Purple, do transacto 2015, serviu de introdução épica, com forte resposta do público, sempre a acompanhar o refrão. Foram revisitados alguns temas de álbuns mais antigos, anunciados pela tradicional mudança dos holofotes de palco para a cor correspondente. March to the Sea e Board Up the House (Yellow&Green, 2012), intermediados por Morning Star e Shock Me (Purple) e novamente Green Theme. Na sua primeira interacção com o público, John Baizley (de sleeveless shirt dos Nails) pediu desculpa pelo interregno de 4 anos sem um “proper show” em Portugal.

#13 Baroness

Seguem-se Iron Bell, Little Things e a Horse Called Gogoltha (Blue, 2009), com a voz de Baizley a não vacilar e percebemos que se está a divertir tanto quanto nós. Com um grande suspense entre cada música, com o público responde mais ou menos intensamente às intros que antecipam os temas que aí vêm. Momento mais mellow/emocional com If I have to Wake Up (Would You Stop the Rain?), o instrumental Fugue e Sea Lungs com toda a gente a gritar I’ll find a way. O instrumental de Chlorine&Wine, jóia da coroa de Purple, seguida de Gnashing, proporcionaram um momento incrível a todos.

O público conhecia as canções de cor e acompanhava todos os temas. Não é todos dias que se assistem a concertos destes. Aquela sensação de que toda a gente está a perceber que isto é outra coisa. Uma espécie de “escola americana”, aquelas bandas que vemos na televisão em que tudo é bom: desde a arte de Baizley, as letras tão visualmente poéticas, mas que se traduzem numa energia alucinante que a banda não só transmite como parece sentir da mesma forma.

Nota para a excelente escolha de espaço, que mesmo tão composto permitia uma considerável liberdade de movimentos. Excelente público que, apesar de ser visto a fumar em massa antes e durante os intervalos do concerto, atendeu ao pedido da banda, afixado pela organização nas paredes do Garage para que o não fizessem durante o concerto. Não sei se é por ser em Portugal, se foi mérito da organização, do público ou de todos, mas é difícil não nos sentirmos agradecidos com esta possibilidade de desfrutar de um concerto de uma banda tão boa onda, sem desacatos e confusões, com tanto respeito e amor pela música. Sem dúvida, uma aposta vencedora da Amazing Events.

Vamos todos a correr com a voz de Baizley e a guitarra e a cabeleira de Peter Adams a indicarem o caminho: We Have No Need To Breath. Desperation Burns e Eula encerram a primeira parte do concerto, havendo, claro, encore com a indulgência de Isak, clássico do álbum de estreia, Red (2007), e o fecho definitivo com Take My Bones Away, depois de terem levado os nossos.

Inês Cisneiros

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