
Aproximação à Companhia Nacional de Bailado

©Rodrigo de Souza
Desde 2010, a CNB leva os mais novos a descobrir a dança através de um projeto muito pessoal. Com cerca de três edições por cada espetáculo, a iniciativa conta sempre com listas de espera para participação.
O objetivo é simples: “abrir janelas à dança”, conta Luísa Taveira, diretora artística da Companhia Nacional de Bailado. Foi neste sentido que os projetos de Aproximação à Dança se desenvolveram para alunos fora do mundo da dança, pela mão de Cristina de Jesus, e que contam hoje com grande sucesso junto do público alvo.
Destinado a estudantes entre os 9 e os 16 anos, a iniciativa é marcada por um workshop orientado por um profissional da área, convidado externo à Companhia. Este ano, cabe à bailarina e professora Catarina Câmara receber os participantes no Teatro Camões e, durante três horas, com eles descobrir outro lado da dança através de atividades tão diferentes quanto eles mesmos. “A liberdade para criar é praticamente total”, afirma Luísa, o projeto deve apenas enquadrar-se no conceito da peça a trabalhar e fica ao critério do artista orientador, passando pelo uso da música, pela descoberta coreográfica ou criação de narrativas com esses elementos.
Com vista a ajudar alunos do ensino primário e básico regular na exploração artística, as sessões “nunca têm um aspeto demasiado técnico”, revela Luísa. A finalidade não passa, assim, por encontrar novos bailarinos, mas sim por “dar a conhecer um bocadinho o nosso lado”, completa Cristina. A integração de pessoas tão diferentes numa mesma atividade é desafiante. A adaptação, no caso de alunos com deficiência, é feita imediatamente no local. Porém, com outros “há momentos difíceis, chegam com grandes preconceitos e é difícil ultrapassá-los”, mas regra geral “com o avançar do workshop esse vai-se esboroando”, diz Luísa.
O trabalho é preparado ainda antes da própria sessão e prolonga-se para além dessa, como se fosse “um pacote” de experiências, diz Luísa. Além da componente prática do workshop, os alunos assistem, mais tarde, ao espetáculo da CNB sobre o qual desenvolveram as atividades, observando-o e compreendo-o de uma forma diferente e mais completa.

©Cristina de Jesus
A saída do teatro, contudo, não significa o fim ou o corte total da relação entre os alunos e a Companhia. Na verdade, muitos deixam feedback nas redes sociais ou tentam, de algum modo, integrar a dança nas suas atividades, como exemplifica Cristina, “há alguns que fazem depois aqui parte da sua festa de aniversário”. Também as listas de espera “revelam a apetência e o entusiamo das escolas” pela iniciativa, conclui.
Quando em digressão nacional, tentam estender-se os workshops às escolas locais para que aqueles alunos, longe da capital lisboeta, tenham o mesmo acesso à dança. Na opinião de Luísa, cabe à escola o papel de “levar as crianças a conhecer uma maior abrangência de espetáculos”, não sendo o limite físico da localidade uma razão para afastar os alunos destas oportunidades.
Para além destes projetos, a CNB empenha-se na aproximação dos alunos à dança através de outras atividades, como conferências, outros workshops e performances nas escolas criadas pelos próprios alunos.
Os próximos projetos de Aproximação à Dança realizam-se para “Romeu e Julieta”, no Teatro Camões em Lisboa, nos dias 12, 14 e 15 de abril.