Músicas da Semana #190

Escolhas dos Hey Colossus:

Santigold

SantiGold – Look at the hoes Plenty (Rhys)
Esta é do segundo álbum da SantiGold. Cada disco que ela lança puxa os limites de cada estilo e gosto. Adoro esta batida e o groove desta música. Mal posso esperar por a ver partir tudo em Londres no próximo mês de Junho.

Aina – The Right Day (Joe)
Vi esta banda três ou quatro vezes, todas as vezes que vieram de Espanha até ao Reino Unido. Pareceram-me sempre bastante inteligentes… (risos) e o set up do baterista é bastante estranho… Uma grande banda e, este álbum, de 1999, é realmente excelente.

The Ex – Double Order (Joe)
Adoro os The Ex… Punks rítmicos holandeses. Não precisas de uma crista para ser punk, mas sim da atitude certa.

Crazyhead – Baby Turpentine (Bob)
Em 1990 esta música quase que fez cair a minha peruca. Scuzz punk do centro de Inglaterra executado na perfeição.

Townes Van Zandt – Lungs (Paul)
O lado b do único single lançado pelo one hit wonder Tee Vees. De Luton, que é a parte mais pitoresca do Reino Unido.

Escolhas de Hugo Rodrigues:

City and Colour

City and Color – Two Coins
A manhã de um dia desta última semana, já não me lembro qual, foi praticamente dedicada a ouvir City and Color. E por muito que goste de várias músicas de Dallas Green, esta Two Coins continua a ser para mim uma das mais bonitas, e está portanto no topo das minhas preferências sempre que retorno à sua discografia.

Mono – Unseen Harbor
E por falar em músicas mais bonitas.

You Can’t Win, Charlie Brown – Over The Sun / Under The Water
Durante esta última semana não houve banda sonora melhor para sair do trabalho com o sol ainda a bater-me na cara.

Mogwai – White Noise
Nestes últimos dias também o pós-rock tem sido presença assídua na minha playlist. É o meu tipo preferido de ruído branco.

Mão Morta – 1º de Novembro
Não mais ouvi a música desde o espectacular concerto da Aula Magna com a Remix Ensemble no início da semana, no entanto, ela não precisa disso para continuar a ecoar em nós muito depois de a termos deixado de ouvir.

Escolhas de José Raposo:

Prince

Prince – Kiss
Mais um dos maiores que deixou esse palco maior, o da vida. Grande guitarrista, voz inconfundível e enorme mente criadora de pop; este seu êxito de 1986 reflecte o seu talento: nobreza do príncipe que não precisa delas ricas e que resolveu largar os solos monumentais por um bocado e fazer uma canção de pop minimalista, mas sexy e nada vulgar, em contraciclo com a pop de vigorosos sintetizadores da época. Tal como Bowie, teve várias máscaras e fases, mas em todas elas uma constante: o eros. Eterna saudade.

Mão Morta – Tu Disseste
Na Aula Magna, a maior banda nacional apresentou-se sobriamente com o Remix Ensemble e este encontro negrume-clássica contemporânea não poderia ter corrido melhor. O sitar foi aqui substituído pelos sopros e piano de cauda, em perfeito complemento da animalesca presença de palco dos Mão Morta e de Deus, que até Matt Berninger imitou e foi destilar ódio para as doutorais. Uns parabéns à distância ao Theatro Circo de belo efeito.

The Parkinsons – Bedsit City
A melhor banda nacional entre 2000 e 2005 teve agora direito a documentário próprio, amplamente merecido. Chegados à capital do Reino Unido no começo do século, à desilusão perante o estado de Londres e a anomia social juntaram uns acordes de Victor Torpedo, a fúria de Afonso Pinto e a secção rítmica luso-escocesa para um lamento furioso anti-inércia, como que uma City Of The Dead do revivalismo punk e garage rock. Um choque que acordou isto tudo.

Ramones – Havana Affair
Em véspera de comemoração de fim da ditadura, comemoram-se os 40 anos de outra libertação: o primeiro disco dos Ramones ajudou a libertar a música popular do jugo das indulgências do rock progressivo. Três acordes, letras disparatadas, velocidade a rodos (#sentiropedal) e um dos melhores e mais influentes álbuns de sempre – depois de 1976, nada foi como dantes, o resto é conversa fiada. Tiros nas costas para quem se portar mal e/ou usar t-shirts da banda em vão.

Neurosis – Eye
Outro álbum de referência a comemorar um aniversário: Through Silver in Blood. A fúria lancinante de Kelly e Von Till, servida com distorção e evocação em menor velocidade das raízes hardcore da banda (até aqui se detectam traços de Ramones); o olho que vê a cidade ebuliente que é Oakland e que tudo capta: Hells Angels, Panteras Negras, ratazanas a engordar e até a violência em campo dos Raiders. Os Ramones mudaram a música popular para sempre e os Neurosis tiveram o mesmo efeito no metal.

Escolhas de João Neves:

Filho-da-Mae-Ricardo-Martins

Filho da Mãe & Ricardo Martins – Pessoal Beto em Sítios Chungas
Tirada do excelente álbum destes dois excelentes músicos nacionais, é dona de uma perfeita harmonia entre o título e o que se ouve, mesmo apesar de não ser cantada.

Capitão Fausto – Mil e Quinze
O meu “mil e quinze” não foi tão mau como o que se conta nesta música, mas pessoalmente o “mil e dezasseis” está a ser mesmo fantástico, o mesmo não se pode dizer para o mundo da música e das artes em geral, já perdemos demasiados dos grandes mundiais este ano e mal passamos do primeiro trimeste. Talvez seja um “Sign o’ the Times”…

First Breath After Coma – Salty Eyes
Já saído na semana passada, estes rapazes de Leiria mostram material novo e continuam com a fasquia bem alta.

Cavalheiro – Lado de lá
O concerto já foi no sábado da outra semana, mas esta, apesar de já ter uns anos, ficou por aqui a rebolar na cabeça… bem bonitinha.

Prince – Sign o’ the Times
É completamente incontornável… estava a tentar fazer um pleno de música portuguesa, mas não consegui fugir ao assunto “Prince”. Apesar de tudo estamos a viver um excelente período na nossa música e de certo temos espalhados pelo nosso país muitos “Princes”, daqueles senhores enormes na música, exímios executantes de vários instrumentos e ainda exímios a escrever, produzir, etc. Não devemos chorar nem mesmo lágrimas de cor púrpura, devemos louvar o facto de ter sido alguém a fazer música e por isso podemos continuar a ouvi-lo.

Escolhas de Vera Brito:

Kevin Morby

Kevin Morby – Drunk and On a Star
Conhecem aquele amigo que volta e meia vem com a conversa do “tens de ouvir isto”? Sou eu. Há amigos que chateio esporadicamente quando penso que encontrei algo que encaixa nas suas preferências musicais, outros são vítimas recorrentes e levam com tudo, uma balada de cortar os pulsos ou um som de fazer sangrar os tímpanos. Esta semana sei que chateei muita gente com este álbum Singing Saw. Há um travo a Dylan neste rapaz e a sua voz conforta ao mesmo tempo que inquieta, ide ouvir por favor.

Sleater-Kinney – Price Tag
Banda sonora para aqueles dias em que nos movemos em piloto automático, amanhã logo haverá tempo para voltar aos comandos.

Kate Tempest – Europe Is Lost
Quem foi que disse que os ingleses com o seu “british accent” nunca iriam conseguir ser rappers de excelência? Basta pôr os ouvidos nesta miúda londrina, que deve ter aprendido a cuspir poesia ao mesmo tempo que aprendeu a andar, para dissipar essa falsa ideia. Eu de rap percebo zero mas parece-me que há qualquer coisa de excepcional em Kate Tempest que deve ser seguido com atenção.

Capitão Fausto – Amanhã Tou Melhor
Pelas reacções que li devo ser das poucas pessoas que continua a preferir Gazela dos álbuns dos Capitão Fausto, mas confesso que por estes dias tenho andado com o refrão desta “Amanhã Tou Melhor” às voltas na cabeça.

B Fachada, Minta e João Correia (Os Sobreviventes) – Que Bom Que É
Sei por onde andava no 25 de abril do ano passado, a ver estes três reconstruir Os Sobreviventes de Sérgio Godinho num concerto em Faro. Um ano depois (ou 44 anos depois do original) parece mentira como ainda faz sentido cantarmos isto “vivo a trabalhar nove dias por semana, que bom que é, que bom que é, sentado à espera da revolução”.

Escolhas de Ricardo Almeida:

Xiu Xiu

Xiu Xiu – Laura Palmer’s Theme
Seguindo os trilhos de Angelo Badalamenti, o universo neurótico de Xiu Xiu dá a mão ao estranho mundo de David Lynch. Não consigo pensar em projecto mais indicado para reinventar a já de si soberba banda sonora de Twin Peaks. Xiu Xiu Plays the Music of Twin Peaks é um lançamento Record Store Day e de certeza que estará entre os melhores discos do ano.

The Brian Jonestown Massacre – Anemone
Não faço ideia que disco estava a tocar mas já fui mesmo muito feliz a ouvir esta banda. No outro dia pus-me a ouvir música deles no spotify e, felizmente, só me deu para rir quando tropecei no nome de algumas músicas e de um disco em particular.

Névoa – Alma
Foi uma longa semana. Sabia que na próxima iria de férias por isso fui encontrando uma certa serenidade nesta faixa desse grande disco do ano passado que é o The Absence of Void.

Gavin Bryars and Tom Waits – Jesus Blood Never Failed Me Yet
Porque na terça-feira cheguei a casa, fiz o habitual café com leite e, por motivos que desconheço, pus-me a ler a Bíblia.

Tom Waits – Coney Island Baby
Ontem tive o primeiro casamento do meu grupo de amigos. Já não me divertia tanto há imenso tempo. Foi bonito.

Arte-Factos

Webzine portuguesa de divulgação cultural. Notícias, música, cinema, reportagens e críticas. O melhor da cultura num só lugar.

Facebook Twitter LinkedIn Google+ YouTube