
Competição Nacional Curtas 3
Guest + A Host = A Ghost
A curta-metragem de Jorge Jácome é uma reflexão sobre questões e resultados. Usando o título de um trocadilho com autoria do dadaísta Marcel Duchamp, a narrativa não tem história. Tal como o jogo de palavras do título, joga com as conjugações improváveis. É uma junção de ligações intuitivas e imagens que, conjugadas, adquirem um novo significado. É uma sequência de planos sem discurso. Assistimos a coisas tão díspares como ovos ligados a uma espécie de incubadora e debaixo do calor de uma lâmpada, constelações feitas de sinais no corpo, uma aplicação que permite descobrir as constelações no céu. No entanto, tudo culmina num novo nascimento ou descoberta.
O Desvio de Metternich
A curta-metragem de Tiago Melo Bento conta, em menos de meia hora, a viagem Leopoldina de Hasburgo até ao Brasil, para encontrar D. Pedro IV, Rei de Portugal e Imperador do Brasil (como Pedro I). Numa sequência a preto e branco, seguimos uma história da viagem até ao Brasil, acompanhada por uma narração com voz feminina. Mas, no desvio de Metternich, encontra um paraíso no meio do Atlântico, os Açores. A par da serenidade das paisagens, os relatos remetem para a reflexão e saudade.
Rochas e Minerais
Realizada por Miguel Tavares, esta curta apresenta duas amigas num hotel enquanto recordam emoções da infância e adolescência. Somos remetidos a tempos passados através dos retratos analógicos de infância. Os retratos são contextualizados com a voz da protagonista que nos conta que no inicio era difícil relacionar-me com outras crianças, mas que depois fez amigos. Também começaram a gostar de rapazes e gostavam de ficar sozinhas com eles no quarto sem os pais darem conta. É Verão e é tudo nice and easy. Treinam ténis e deslumbram-se com o passado. Vêem as dores de crescimento com leveza.
The Hunchback
Ben Rivers e Gabriel Abrantes uniram forças para recriar esta história, baseada num conto de As Mil e Uma Noites. Trata-se de um programa de reabilitação emocional através do Centro de Terapia de Dalaya. Este processo de reintegração emocional dá-se transportando os pacientes para uma outra época, com vestes e maneirismos à altura. Todos aqueles que se encontram no centro, acabam por se cruzar também naquele cenário rural. Acompanhamos então a redescoberta das emoções por Timmy (Carloto Cotta), um corcunda com queda para o azar. Mas é esse azar que torna tudo maravilhoso (às vezes não dá como não gargalhar com o mal dos outros) e em meia hora a nossa atenção mantém-se no mesmo sítio, sem haver um nenhum momento que nos faça revirar os olhos ou bocejar, provocando-nos um riso fácil. A avaliar pela recepção do público durante a projecção, não é de todo inusitado que tenha vencido o prémio de Melhor Curta-Metragem Portuguesa. Merecido.