Super Bock Super Rock 2016: Antevisão

sbsr-2016

Arranca já amanhã a 22ª edição do Super Bock Super Rock no Parque das Nações em Lisboa e este ano o cartaz de excelência promete corridas entre os quatro palcos para qualquer melómano que queira viver o festival no seu máximo expoente. É desafiante a tarefa de traçar um roteiro para estes três dias que prometem ser intensos, só pedimos que não nos falte o fôlego nem a coragem para fazer algumas escolhas mais ingratas. Vamos por partes e comecemos pelo início.

14 de julho

©Shane Mccauley

©Shane Mccauley

Neste primeiro dia o palco principal Super Bock na MEO Arena terá de disputar as atenções com o palco EDP, debaixo da pala do Pavilhão de Portugal, no que será uma luta renhida. De um lado temos os acarinhados The National, do outro Jamie xx que virá apresentar o fabuloso e ainda fresco In Colour. Os primeiros podem não trazer álbum novo desde a sua última passagem por cá, mas são a garantia de um concerto de coração cheio, isto para aqueles que não consideram os The National um longo bocejo, para esses a escolha é fácil, a música vibrante de Jamie xx logo ali ao lado. A destacar também o regresso aos discos e a Portugal dos australianos The Temper Trap que ainda vivendo do sucesso do seu álbum de estreia encontram assim lugar no palco principal. Há também a dupla infalível e da moda Disclosure para electrificar a noite, que esperemos que nos motive a dança até à hora tardia em que chega DJ Shadow neste dia de semana. Vai haver nova oportunidade para ver ao vivo a longa cabeleira de Kurt Vile e ouvir b’lieve i’m going dow… um dos melhores discos de 2015. Samuel Úria e peixe:avião que têm dos mais interessantes álbuns da música nacional deste ano são passagem obrigatória no Palco Antena 3. E ainda nos artistas nacionais vale a pena tentar chegar cedo para a electrónica experimental de Débora Umbelino, projecto Surma que abre este SBSR.

15 de julho

IggyPop

Sexta-feira e a felicidade do fim de semana à porta com mais um dia para fazer piscinas entre palcos que promete arrancar bem energético e caótico com os Pás de Problème, portugueses de nome afrancesado que por estes dias ganhou uma piada especial. Quem quiser continuar a festa ao som de música nacional basta fincar o pé no Palco Antena 3, passam por lá Basset Hounds, PISTA, The Glockenwise e Capitão Fausto que terão a complicada tarefa de tocar ao mesmo tempo que Iggy Pop. Iggy Pop já se sabe que vem sem Josh Homme, Dean Fertita, Matt Helders ou camisa, mas o recente Post Pop Depression é argumento suficiente para não nos fazer arredar pé do palco principal, desde que ninguém nos estrague os riffs de guitarra únicos com que Homme impregnou este álbum. Antes de Iggy Pop é obrigatório matar as saudades de Bloc Party e depois há Massive Attack que após uma longa espera finalmente agitaram águas com um novo EP no início do ano. No palco EDP não esquecer também de marcar presença no irreverente Mac DeMarco e em Petite Noir com os seus ritmos complexos de afro-punk, noir wave, worldmusic, que é o mesmo que dizer não percamos tempo com denominações para aquilo que foi simplesmente um dos álbuns mais surpreendentes do passado ano.

16 de julho

Kendrick-Lamar

Último dia do festival e se até lá as pernas não nos falharem há um nome que impera: Kendrick Lamar, Kendrick Lamar, Kendrick Lamar… era possível fazer um parágrafo apenas desta repetição, sem demérito para todos os artistas que partilham o cartaz neste dia. É a aposta maior desta edição do SBSR e um tiro certeiro num dia centrado no hip hop que um vasto público já vinha há algum tempo reclamando. Haverão seguramente os fãs que irão pelo artista, alguns pela curiosidade, outros pelo hype, mas em tempos em que o verniz estala na América e os surtos xenófobos e racistas nos batem à porta, há vozes activas impossíveis de ignorar e reflexões que todos devemos fazer. No hip hop tuga não perder de vista neste dia Mike El Nite ou o rapaz revelação Slow J que apenas com um EP, The Free Food Tape, tem captado atenções e elogios por todo o lado. Entre os já mais conhecidos do público português há Capicua e Orelha Negra que irão seguramente apresentar músicas do novo álbum que está por aí a vir e que actuam antes daquilo que vai ser o pedaço de história do concerto dos americanos De La Soul. Para quem não é fã de hip hop e derivados vai ser um dia de poucas escolhas, destacamos a nostalgia da Psicopátria dos GNR e a energia do garage punk dos californianos FIDLAR ou a sugestão de simplesmente deixar os rótulos de lado e deixar-se surpreender por todos os palcos do SBSR.

Vera Brito

É developer nas horas vagas e agarrada a música a tempo inteiro. Não gosta de pessoas com preconceitos nos ouvidos. Prefere sagres a super bock mas sente-se dividida entre Alentejo e Douro.